Reportagem Especial: APAE DE ILHÉUS COMEMORA 36 ANOS DE SERVIÇO À COMUNIDADE
Uma história de busca da igualdade, oportunidade, autonomia e inclusão social para as pessoas com deficiência intelectual e múltipla, são os pilares que edificam a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Ilhéus, que completou 36 anos de existência. A instituição, que dispõe a educação especial para crianças, jovens e adultos apaeanos na Escola Flor do Cacau, com 172 alunos, reuniu nesta segunda-feira (18), diretores, ex-diretores, pais e alunos para lembrar a data de fundação e realizar homenagens aos fundadores amigos.
Marcada pela superação de desafios, lutas e conquistas desde que foi constituída, a APAE de Ilhéus segue firme no propósito de oferecer a melhoria da qualidade dos serviços prestados às pessoas com deficiência, com o apoio da comunidade ilheense, de amigos sócios e doadores. A realização e avanço dos trabalhos na entidade, foram possíveis com o empenho e persistência de pais das pessoas com deficiência, sobretudo do casal Sra. Maria Leide Carneiro, conhecida como Pina, e Sr. José Ribeiro Carneiro. Eles foram homenageados juntamente com a ex-diretora Ana Ceres, pelo Presidente da APAE de Ilhéus, Albervan Neves de Almeida, pela diretora geral e pedagógica, Vitória Penalva e a diretora Jaldyr Ramos Mendonça, na sede da instituição, Escola Flor do Cacau.
O Presidente em exercício, Albervan, agradeceu aos fundadores e destacou a importância da defesa do trabalho educacional para as pessoas com deficiência intelectual e múltipla, e elogiou a atuação da diretora Vitória Penalva, também com trabalho bastante reconhecido pelo casal de fundadores, Pina e Carneiro. “O professorado é bem orientado, as crianças realmente têm uma acolhida muito boa”, destacou o fundador Carneiro, que também agradeceu ao atual Presidente Albervan.
“Sabemos da luta que a diretora Vitória está vencendo, porque estava difícil a situação da APAE”, disse Dr. Carneiro. Para Pina, “se não fosse a atual diretoria da APAE de Ilhéus, com o Presidente Albervan, e a diretora Vitória, acho que a APAE de Ilhéus já tinha fechado, com certeza. Com tanta coisa que tem acontecido, a APAE de Ilhéus tem se saído muito bem. A cada dia está melhorando e crescendo, voltando à essência e confiança que tinha no início. A APAE é a comunidade, que precisa se unir para que a instituição cresça, para a alegria de todos nós que gostamos da APAE”, disse a fundadora homenageada nos 36 anos da APAE de Ilhéus, Pina.
Para a diretora Vitória Penalva, “com muita honra que pela primeira vez comemoramos o aniversário da APAE de Ilhéus. E uma gestão que chega para levantar a instituição, não poderia deixar de homenagear a luta. Esse resultado é um parabéns de ações de graças, de Nosso Senhor Jesus Cristo, pelas bênçãos que ele tem derramado aqui”. E continuou a dizer: “o Presidente e eu, vimos numa luta árdua, mas com a maior gratidão em Deus de ter conseguido organizar mais a instituição. São 3 anos de arrumação, não é fácil. Temos daqui pra frente pelo menos 10 anos para pagamento de dívidas passadas, relacionados a acordos trabalhistas, parcelamentos de FGTS, INSS etc”, disse. Vitória agradeceu aos pais, ao Presidente Albervan, à Diretora Financeira, Jaldyr, aos homenageados, e acrescentou, “quem vir para a APAE tem que arregaçar as mangas e trabalhar de forma honesta para manter essa instituição com o foco na educação especial de qualidade, que é a prioridade”.
Os fundadores e diretores agradecem a participação da sociedade, dos associados, profissionais voluntários, empresas solidárias, imprensa, órgãos como o Ministério Público do Trabalho de Ilhéus e de Itabuna, ao Procurador do Trabalho Dr. Ilan Fonseca e a Procuradora e Coordenadora do MPT de Itabuna, Dra. Sofia Vilela, assim como a dedicação de pessoas da comunidade.
História
A história da APAE de Ilhéus iniciou-se com o envolvimento do casal de fundadores a Sra. Maria Leide Carneiro, e o Sr. José Ribeiro Carneiro, como integrantes da Apae de Itabuna. “Começamos a frequentar a APAE de Itabuna com nossa filha que tinha mais ou menos 6 anos”, conta Sr. Carneiro. deu em razão do amor à causa e à filha Suzane Leite Carneiro, in memoriam - que tornou-se deficiente mental em razão da encefalite que a acometeu ainda na infância - foram as motivações do casal para fundar a instituição em Ilhéus, é o que explica a mãe e fundadora, Pina.
O casal recebeu um telefonema da Presidente da Apae de Itabuna, Rita Soledade ao casal, que juntamente com a representante da Federação das Apaes do Estado da Bahia, Fátima Sarmento, se propuseram a orientá-los para a implantação da Apae em Ilhéus, em 1980.
Segundo a fundadora Pina, uma reunião foi realizada na Associação Comercial com a presença de pais de crianças portadoras de deficiência intelectual e múltipla e pessoas de boa vontade da sociedade, preocupadas com a causa do movimento apaeano. Nesta ocasião, foi escolhida a Diretoria provisória, posteriormente eleita em sessão solene realizada no dia 18 de julho de 1980, data em que a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Ilhéus foi fundada com um quadro de 20 integrantes.
Um ano após a fundação da Associação, foi criada a Escola Flor do Cacau, que começou atendendo 35 crianças com deficiência, sendo 30 carentes, “com dificuldades no setor financeiro, mas com o esforço coroado de êxito devido à atuação da diretoria composta, sobretudo, por pais de pessoas com deficiência”, destacou a Sra. Maria Leide Carneiro.
A fundação da Escola Flor do Cacau contou com a grande ajuda da professora Maria Teresa Eglér Mantoan, da Unicamp-SP, quem orientou as professoras por muito tempo, ao ponto de ajudar nos aperfeiçoamentos em São Paulo. Sr. Carneiro também destaca a atuação de importantes diretoras que muito se dedicaram à causa apaeana, como “Ceiça Lopes, Jorgina Viais, Sonia Mara Clemente, Edila Correia, Olga Cardoso, Valdeci e mais outras que me falta na memória”.
A ex-diretora e fundadora Ana Ceres lembrou que a construção da sede situada no Hernani Sá foi custeada através de recursos financeiros provenientes de notas fiscais, Sua Nota Vale um Show. “As mães lutaram, batalharam, pegaram nota e nós fomos a primeira instituição a ter o maior número de notas. Nós começamos a ser respeitados, tudo era difícil para nós”, disse Ana Ceres. “Juntamente com Geová, presidente à época, contratamos todo o pessoal para construir a instalação que hoje nos honra e dá todo o conforto a essas crianças”, acrescentou com satisfação Sr. Carneiro.
Ana Ceres também lembrou das dificuldades que as pessoas com deficiência passavam na década de 80, como discriminações e dificuldade de acesso. “Olha, nós não temos que ter medo de nada não! Temos que lutar. Ver uma pessoa ser maltratada, a gente tem que ajudar! Foi muita luta”, relembrou Ceres, reconhecida por Dr. Carneiro como uma diretora que por muitos anos colocou a APAE de Ilhéus em pleno funcionamento.
Gradativamente a Apae de Ilhéus contou com a ajuda da sociedade e de instituições como a CEPLAC, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), a Igreja, na ampliação e instalações da sede provisória, assim como empresas amigas, pessoas físicas, amigos, pais, associados, professores, profissionais, voluntários de um modo geral.